COVID-19 e outras pandemias: como elas podem ser prevenidas?

 

  Pandemias como a da varíola, influenza e peste bubônica, conhecida popularmente como peste negra, foram capítulos tristes na história mundial que levaram a perda de milhões de vidas. Com a ajuda de drogas e vacinas um controle efetivo pôde se estabelecer ao longo dos anos para tais enfermidades. Porém, e quando se trata de doenças como SARS, MERS e COVID-19? Doenças transmitidas por via respiratória e não possuem ainda um tratamento efetivo com vacina ou medicamento. Para que o vírus não se espalhe, medidas como o uso de máscaras faciais e óculos de proteção se fazem necessárias. Contudo o quão eficaz é a utilização desses EPIs? Professores da Universidade de Illinois nos Estados Unidos fizeram um breve histórico do uso de EPIs na prevenção de doenças respiratórias e, com base nos estudos analisados, concluíram que o uso de óculos de proteção e máscaras deve ser mais difundido. Adicionalmente, os autores sugerem formas de superar a dificuldade de respirar e o embaçamento dos óculos, fatores que dificultam o uso desses equipamentos por longos períodos.

 

        A transmissão de vírus e bactérias por tosse e espirro foi descoberta em 1918, e desde então estudos com o intuito de verificar a eficácia de máscaras de proteção facial são efetuados[2]. A data dos estudos não é mera coincidência ou casualidade, entre 1918 e 1919 o mundo viveu uma pandemia causada por um vírus do tipo influenza, responsável da gripe espanhola, e estima-se que entre 50 a 100 milhões de pessoas morreram num intervalo de 3 anos.[2] Na época, os estudos delimitaram o distanciamento social e o tipo de material apropriado para a confecção das máscaras. Cerca de 100 anos depois, estudos feitos com aparelhos e métodos mais avançados corroboram os resultados de experimentos mais antigos. A utilização de máscaras, por sua vez, reduz significativamente a transmissão do vírus do tipo influenza.[1] Na Figura 1 é possível observar a diferença entre as EPIs utilizadas na pandemia da peste bubônica com as usadas atualmente no combate da COVID-19. 

 

Figura 1.Equipamento de proteção individual, EPI, usado pelos médicos no combate a COVID-19.

 

                                                                   

Fonte:https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/downloads/COVID-19_PPE_illustrations-p.pd

 

         Profissionais de saúde fazem uso de um tipo de máscara facial conhecida popularmente como N95, que possui esse nome devido a sua especificação, uma vez que bloqueia a inalação de 95% de partículas com dimensão de até 0,3 µm (micrómetro).Por outro lado, existe a possibilidade dos 5% de partículas remanescentes que não são contidas pelas máscaras estejam contaminadas, o que pode ser um problema, visto que a utilização das mesmas se estende por longos períodos de tempo.[1] É natural então se perguntar o porquê de não se utilizar máscaras N100? A resposta é que as máscaras N100 (Figura 2) são significativamente escassas e atualmente sua produção é monopolizada por uma única companhia, a 3M.[3]

 

Figura 2. Vistas lateral e frontal  de um respirador N100

 

        3M(TM) Particulate Respirator 8233, N100    3M(TM) Particulate Respirator 8233, N100                

Fonte: https://www.3m.com/3M/en_US/company-us/all-3m-products/~/3M-Particulate-Respirator-8233-N100-20-ea-Case/?N=5002385+3294776421&rt=rud

 

         Outro fator que pode acarretar um aumento de contaminação na utilização da N95 é a adição de uma válvula à máscara, na tentativa de tornar o uso da mesma mais cômodo, pois ambas N95 e a N100 dificultam a respiração de indivíduos que precisam estar constantemente usufruindo delas. Consequentemente alguns países acabam por proibir ou não recomendar o uso de máscaras de proteção facial com válvulas.[4] 

         

         A utilização de EPIs é uma das principais formas de prevenção e controle de contágio da COVID-19, entretanto observa-se que fatores externos ao controle dos agentes de saúde podem resultar em uma transmissão involuntária do vírus em decorrência de incômodos e infortúnios na utilização de máscaras de proteção, escudos faciais e de óculos. Alternativas buscam otimizar o uso de EPIs a fim de reduzir importunos que interfiram na prevenção de quem precisa estar diariamente na linha de frente no combate de pandemias como a COVID-19.

 

Escrito por Luís de Sousa Ferreira Neto

luisdesoussa@gmail.com

 

Revisado pelos discentes Henrique

do Nascimento Coutinho

e Matheus Pereira Sales.

 

Editado pelo discente

Matheus Pereira Sales

                  


 

Referências Bibliográficas

 

[1]Oldfield E., Malwal R. S. COVID-19 and Other Pandemics: How Might They Be Prevented? ACS Infectious Diseases Article ASAP DOI:10.1021/acsinfecdis.0c00291

[2]Spreeuwenberg P, Kroneman M, Paget J. Reassessing the Global Mortality Burden of the 1918 Influenza Pandemic. Am J Epidemiol. 2018;187(12):2561-2567. doi:10.1093/aje/kwy191

 

[3]3M Science Applied to Life. 3M Particulate Respirator 8233, N100, https://www.3m.com/3M/en_US/company-us/all-3mproducts/~/ 3M-Particulate Respirator-8233-N100-20-ea-Case/?N= 5002385+3294776421&rt=rud (Acesso em 16/06/2020)

 

[4]Masks and face coverings for the coronavirus outbreak, https://sf.gov/information/masks-and-face-coverings-coronavirus-outbreak (Acesso em 116/06/2020)